De baixo pra
cima.
Pode parecer
que as coisas mudam de cima pra baixo, porque quase sempre começam e atingem o
ponto... crítico de baixo pra cima.
O movimento que
atingiu a mídia, além da pesquisa do IPEA que o motivou foram resultado direto
da Marcha das Vadias, ocorrida em várias partes do Brasil.
O propósito
da Marcha é exatamente lutar contra a idéia de que as mulheres, para não serem
estupradas, não devem se vestir como vadias. Tal qual o que a sociedade está
assimilando.
É
interessante que os realizadores da pesquisa apontam para o óbvio. Esse
pensamento está ligado a uma estrutura de pensamento: pessoas conservadoras e
com outras convicções “inofensivas” do tipo “casamento só pode ser entre homem
e mulher!” ou “ o homem deve ser chefe da família” tendem a concordar com
estupro conforme a roupa da vítima.
Creio que aí
está a chave de discursos intolerantes e cruéis: o fascista enumera razões (com
as quais o espectador conservador vai concordando) e no final lança uma barbárie
pré-justificada.
Assim dá pra
manter seus pequenos currais ideológicos longe das “ovelhas negras” da sociedade
do século 21. Ainda que à custa do sofrimento alheio, afinal, quem mandou estar
do lado errado da cerca?
Sobre o nome
da Marcha: das Vadias, se fosse marcha da mulher honesta não teria sentido
nenhum, já que mulheres honestas não merecem ser estupradas.