quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Penso que o jeito mais seguro de viver num lugar melhor é transformá-lo (sim, estou falando fisicamente!). Quem não quer viver num planeta repleto de lugares maravilhosos? (dignos de propaganda de automóvel e sem eles) Lugares feitos de Arquitetura sonhadora, e, lindamente concretizada e firme em seus significados. Por que esperar isso em outra civilização, em outro planeta outro mundo(sócio-econômico)? Para isso é preciso outra coisa em vez de reproduzir o mundo medíocre, mercadológico e utilitário ao redor.
Tudo isso sempre esteve contido num discurso extremamente simples quanto linear: ”A função da forma é a beleza”.

Além do domínio da técnica é notável na obra do velho a criatividade. “tu viu a última obra do Niemeyer?” é um assunto freqüente. E sempre tem coisas pra se curtir (no melhor e velho sentido da palavra) e cada obra como um todo.
Todo este conjunto-da-obra tão inovadora, que não fez escola em quase um século, foi também guiada pela sensibilidade ao topar com questões que só aparecem com as novidades. E se um projeto arquitetônico é concebido por muitas tomadas de decisão inter-relacionadas, nada mais apropriado do que o arquiteto decidir o que é importante ou irrelevante num projeto.
Sabendo imprimir a Poesia que falta no mundo em sua Arquitetura, ele elevou a racionalidade do Modernismo um novo conceito sem precedentes, causando o desejado “espanto” presente no seu discurso, mas um espanto que não é opressivo, ao contrário, é libertador pra quem frui a estética e o espaço.

Fruto do Movimento Moderno, dá pra comparar a obra cheia de lírica e curvas do Velho com a do poeta Drummond, que também transformou a racionalidade da poesia.

Uma das minhas obras preferidas dele, entre tantas, é a Igreja da Pampulha, em BH, com sua beleza poética, penso que do tipo “deus está nas pequenas coisas”. O caráter moderno – presente em vários elementos (facilmente reconhecíveis na época porque não eram usados antes) – e ameno, além de sua luz livra o visitante do peso dos séculos e tradição que de certa forma oprimem o fiel nos outros templos católicos. Mais ou menos o que o poeta Drummond “declama” sobre a “igrejinha” barroca (valorizado pelos modernistas em oposição ao desde sempre famigerado neo-clássico) de Sabará, também em Minas: ...que ela nos liberta do peso terrestre.

Acho que faltou a imprensa perceber a importância e o que realmente poderia ter causado comoção nacional e ter contribuído para a formação da Identidade dos brasileiros como donos e guardiões deste Patrimônio (esta é a palavra): a obra e a figura de Oscar Niemeyer. Forjar no calor da História essa identidade.
Compreensível a dificuldade de entendimento do valor da obra de muitas figuras, mas no caso da Arquitetura e de uma obra tão vasta, visual e presente nas ruas do Brasil, certamente com um pouco atenção da imprensa – pois não se ama aquilo que não conhece – o Povo ia cair na real e, quem sabe, no choro. Porque, afinal, a Igreja da Pampulha, por exemplo, é “de se chorar no cantinho”.



Voltando a postar.
Este foi o maior lapso de tempo sem postagens. Não me orgulho disso. Muito blá-blá- blá e visão-de-mundo ficaram esquecidos para sempre. Mas... Quem Te Perguntou?

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