terça-feira, 11 de setembro de 2007

Atentados...

Mohamed Atta era arquiteto. Gulp!
Fiquei sabendo ontem.Ele era o piloto que atingiu uma das torres do WTC há seis anos. Isso eu já sabia – o que não é “grande coisa”.
Tudo bem que aqueles edifícios, apesar de grandes, também não eram grande coisa (agora sem aspas). Mas certamente não foi por senso estético ou por fanatismo à arquitetura que o arquiteto fanático fez o que fez (e não me falem em desconstrutivismo!). Muito menos foi por barbeiragem no comando do avião.
Ele também era egípcio, mas não destruiu as torres por patriotismo, para que as Pirâmides de pedra do Egito se mantivessem soberanas sem as torres de concreto dos EUA para lhes fazer sombra. Até porque as pirâmides são monumentos erguidos por faraós personalistas e súditos politeístas infiéis ao Islã. O profeta Maomé, cujo nome também batizou Atta, ainda estava pra nascer, dalí a uns... 3.000 anos!
Quem tá área já sabe que esse negócio de ser arquiteto é pra loucos. Mas vamos combinar que o tal maluco “se passou” um pouco!
Pois é, colegas... Prefiramos nos inspirar no Niemeyer, no Norman Foster ou, vá lá, no cantor Falcão (que também é arquiteto, sabiam?), se vocês quiserem. Até mesmo no Frank Gehry! ...brega por brega...
Se for pra ver arquiteto fazendo atentado, que seja atentado ao bom gosto!
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Bourbon Country, Porto Alegre
É ou não é um atentado?!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Simpsons

“Quem é esse homem, Smithers?”
Sr. Burns, sobre Homer Simpson


Há muito tempo que o seriado dos Simpsons não é mais o mesmo. O desenho atingiu sua melhor forma e principalmente conteúdo entre a 2ª e a 5ª ou 6ª temporadas.
O primeiro ano da série foi o tempo necessário para as características tanto físicas como psicológicas dos personagens se desenvolverem com as tramas para garantirem todo o sucesso posterior do desenho.
No início o traço mais tosco e os beiços esticados que configuravam a população e a cidade de Sprigfield, suavizaram-se e as formas e cores tornaram-se mais bem-acabadas e simplificadas positivamente
, quando o criador Matt Groenin abandonou os vícios do cartum underground.
Quem assistia o Desenho na rede Bobo ou na SBesTera, deve ter percebido a transformação.

A principal mudança para melhor de um personagem do Desenho e que lhe rendeu mais fôlego foi com Homer, que no início era extremamente raivoso e aflito, com certa intenção de profundidade psicológica.
Mas, pra nossa alegria, logo no segundo ano ele já tinha se tornado mais despretensioso, com a personalidade mais calma e despreocupada. A aflição e raiva crônicas a transformaram-se em breves e engraçados ataques de desespero ou fúria com segundos contados pra acabar. E sem descambar para a idiotice, Homer começou a pegar mais leve com ele mesmo, com sua família e com a gente, os espectadores.
A partir daí, o careca já apresentava as contradições que fariam seu caráter demasiado humano e caricato na medida certa.

O apelo inicial junto aos jovens do personagem do carismático e endiabrado Bart era sempre misturado com medos e problemas cotidianos de um estudante quase normal de 10 anos. Seu tipo rebelde e hiper-ativo o colocava em várias encrencas que com os mesmos atributos tinha que enfrentá-los.

A sensível e inconformada Lisa (que remete a um misto de Mafalda e o Charlie Brown sem a chatice de ambos) também sofria e confrontava, do seu próprio jeito, seu meio simultaneamente repressor e relapso. Assim surgiam diversas tramas e contradições que alimentavam os episódios envolvendo a precoce ativista de 8 anos.
As semelhanças com seu irmão, que os faz aliados em muitas aventuras, contrastam com a apatia e mediocridade geral da vizinhança.
Enquanto as diferenças de Lisa e Bart criavam atritos, que sua grande amizade, afinidades e cumplicidade acabavam por resolver... até o próximo episódio.

Completam o feliz e engraçado núcleo familiar a dedicada Marge e a nenê Mag.


Nesta fase, quase todos os episódios tinham um fundo moralizante, exaltando pelo contexto o Amor e o bom-senso e mais uma série de valores tradicionais ou nenhum pouco como necessários à Felicidade.
Muitos dos problemas familiares e pessoais de cada membro do núcleo eram autênticos, verossímeis e tratados de forma sensível.
Entretanto a própria inconformidade e desajuste de todos é que os movia em suas ações, depois de se encontrarem em situações sobre as quais não tinham controle ou serem engolidos por conseqüências desencadeadas por eles mesmos.
A riqueza das tramas os fazia percorrer caminhos de pequenas angústias e glórias recheadas de humor ora sutil, ora escrachado para no final suas vidinhas voltarem ao normal, mas com sua (e nossa) experiência humana engrandecida... Ou não.
O início dos episódios reforça o poder do acaso, pois apartir de uma situação corriqueira qualquer (ou nem tanto) outra história bem diferente cria contornos e vira o tema central da comédia.
As histórias paralelas que se cruzam deixam os capítulos muito mais interessantes e fluídos, distribuindo nosso interesse e nosso riso entre todos os membros da família e também entre outros moradores da cidade mais tapada da animação.
As tiradas e o humor provinham dos diálogos e das situações – e não de diálogos avulsos e manjados – e eram bem mais sutis e, também por isso, mais ricos do que atualmente. Talvez por isso crianças, ainda desprovidas de um senso de ironia desenvolvido e alheias a certos aspectos do mundo adulto, e noveleiros crescidos não sentiam muito a empatia do Desenho.
Os roteiristas nesta fase sempre capricharam no humor, usando aquele esquema de sitcoms norte-americanas de profusão de piada por cima de piada (que é uma das coisas que se faz de melhor nos Stêitis), mas sem precisar de uma platéia idiota e invisível pra ficar rindo do que era pra ser engraçado e sem aquele monte de efeitos sonoros de desenhos ditos infantis que antecederam Os Simpsons.
E como na tradição humorística da escola norte-americana na tv e no cinema, os episódios alternavam momentos mais emotivos com outros de puro deboche e graça. Com bastante inteligência e ousadia.
Isso fazia dos Simpsons um programa de tv realmente adulto e inteligente, sem palavrões, nudez, escatologias nem agressividade gratuita e freqüentemente com temas sérios (adultério; doenças; morte; corrupção; relações trabalhistas; drogas; alcoolismo; religião, patriotismo; violência; imprensa, políticos e capitalistas sem escrúpulos... a lista é longa) e variados conflitos familiares e de relações humanas em geral como distanciamentos, amizade, solidariedade, desentendimentos diversos e reaproximações e tal. E sem esquecer de algo importante: era muito divertido!
(As cutucadas nos outros desenhos “humorísticos” atuais não foram intencionais, mas... bem-feito pra eles!)

Mas (agora que a porca terce o rabo!) Os Simpsons viraram reféns do próprio sucesso. Depois de tanto tempo é difícil manter o vigor dos enredos. Houve um certo esgotamento. As tramas e os personagens foram lentamente perdendo a força.Com o sucesso feito a necessidade de não perder uma atração de tanto público era uma premissa. Os produtores e artistas foram “tocando” a série, afastando-a do caminho que já havia cativado tantos fãs como eu. As histórias cada vez mais malucas e improváveis serviam justificar piadas cada vez mais fracas e repetitivas.E o novo estilo parece ter agradado ao público, principalmente o mais jovem, acostumado com a crueza e gratuidade de novas atrações televisivas animadas (ou nem tanto).
Homer foi novamente o mais afetado, desta vez pra pior: tornou-se extremamente irresponsável, fútil, egoísta e burro. O que deve ter dado bastante agilidade aos scripts. Piadas de burrice são as mais velhas, sem graça e fáceis de criar. Ele tornou-se uma tosca caricatura da caricatura do anti-herói que já fora.
Os outros personagens, que não mudaram de caráter, acabaram perdendo espaço para as excessivas trapalhadas de Homer
, cada vez mais homéricas, como seu próprio nome indica. (essa foi péssima! Nisso que dá tentar ser engraçadinho e logo com quem!)

Não é por causa do filme (que eu não vi), mas a tempos quis falar o falei. E pelo que sei pela imprensa, parece que o roteiro do longa-metragem recicla um dos clássicos episódios, no qual a cidade toda quer as cabeças da família mais ou menos normal de Springfield, após aprontarem mais uma das suas.

Apesar de tudo os Simpsons ainda tem muitas coisas legais, mas acho que me deixaram mal-acostumado.



retrato psicografado do autor do blog

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